A Imigração

A preocupação das autoridades portuguesas em relação à colônia brasileira era evidente, pois o país precisava expandir e ocupar as áreas pouco habitadas, tanto no sul quanto no norte, como a Região Amazônica. A estratégia de imigração, ao contrário de se concentrar no centro da colônia, visava justamente as extremidades, que eram desocupadas e de pouco valor econômico na época. Essa iniciativa, financiada pelo Estado, tinha como objetivo criar bases políticas e econômicas em locais estratégicos, como Santa Catarina e o Pará, próximos às fozes dos maiores rios da América do Sul. Curiosamente, esses extremos coincidiam com os pontos estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas de 1494. A necessidade de colonização era crucial para evitar a perda da vasta colônia para outras nações, como a Espanha, que também a cobiçava.

A difícil travessia...

 Assim, o Rei de Portugal, D. João V, atendeu ao pedido das populações das Ilhas do Arquipélago dos Açores, determinando o alistamento daqueles que desejassem migrar para as Américas. Em 20 de fevereiro de 1746, um edital real foi expedido para todas as ilhas dos Açores, iniciando o processo de alistamento. A imigração açoriana, conhecida como "Saga Açoriana", ocorreu entre 1748 e 1756. Os primeiros seis mil açorianos começaram a chegar à Ilha de Santa Catarina, na pequena Vila do Desterro, no início de 1748. Uma parte significativa deles, cerca de 1200, foi encaminhada para o interior do Rio Grande do Sul, onde se envolveram no combate aos indígenas Guaranis dos Sete Povos das Missões. Muitos foram remanejados à força para acompanhar os destacamentos que lutavam contra os Guaranis. A jornada dos imigrantes dos Açores para o Brasil foi extremamente difícil. Eles viajaram em condições precárias nos tombadilhos das embarcações, expostos ao clima adverso, com muitas vezes mais de 400 pessoas a bordo, entre adultos e crianças. As mulheres ficavam confinadas nos porões, vigiadas dia e noite por homens da lei, e só podiam subir ao convés aos domingos para assistir à missa. Durante a maior parte do tempo, não tinham contato com seus filhos e maridos


Na época do alistamento em 1746, a Ilha de São Miguel, terra natal de Simão, era a mais populosa do arquipélago, com uma população de 46.415 pessoas. O edital real condicionava a idade daqueles que desejavam migrar para o Brasil. Os imigrantes mais velhos eram sogros e sogras dos casais alistados. Não há registros que comprovem se os pais de Simão, Manoel Pacheco e Francisca Xavier, estiveram no Brasil. Através de mensagens eletrônicas em 18/09/2007 e 25/12/2009, foram solicitadas informações ao Arquivo Público da Ilha de São Miguel, porém sem resposta até o momento.


Simão Pereira de Carpes, filho de Manoel Pacheco e Francisca Xavier, chegou à Ilha de Santa Catarina em fevereiro de 1754, com 12 anos e dez meses de idade, acompanhado por seu irmão mais velho, Francisco Pacheco. O sobrenome Pereira de Carpes perdurou na vasta descendência que se seguiu. A partir da década de 1760, Simão residiu na Vila de Nossa Senhora do Desterro, na década de 1780 na Lagoa da Conceição e, a partir de 1801, em São José da Terra Firme, onde se casou pela terceira vez com Josefa de Souza, deixando uma grande descendência com o sobrenome Pereira de Carpes, que ainda é mantido até os dias de hoje.


Convocação de alistamento